segunda-feira, 9 de novembro de 2009

muro (I)

hanno balitsch não saiu de casa depois do anúncio da conferência de imprensa. vivia em berlim oriental e não saiu de casa. ouvia a correria nas escadas, a gritaria nas ruas, o entusiasmo electrizante no ar. hanno não saiu de casa, de rádio e televisão desligadas, a tentar esquecer-se do mundo. não o assustava a liberdade. assustava-o o fim da vida como a conhecia. e isso, para hanno balitsch, aos cinquenta e oito anos, era inaceitável.


hanno balitsch ging nach der pressekonferenz nicht aus dem haus. er lebte in ostberlin und ging nicht aus dem haus. er hörte das gerenne im treppenhaus, die ruferei auf den straßen, die elektrisierende begeisterung in der luft. hanno ging nicht aus dem haus, ließ radio und fernsehen aus, versuchte, die welt zu vergessen. nicht die freiheit erschreckte ihn. ihn erschreckte das ende des lebens, wie er es kannte. und das war für hanno balitsch mit seinen achtundfünfzig jahren unzumutbar. (tradução de michael kegler)