sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

sonhas, amas, condenas


tu sonhas, amas, condenas. danças entre os palcos e eu assisto à tua transformação, quieto, bem de longe de onde a tua pele é calor ou ameixa pronta a colher. tu sonhas e desses sonhos eu não faço parte, sou a ausência do teu vestido branco, o impossível de guardar na pequena caixa musculada do teu coração. tu amas e desse amor eu não sou nem peça acessória, de teus seios esquecido, de teus sabores apagado. tu condenas e talvez seja essa a porta por onde eu entro, finalmente, por um mínimo momento apenas, na tua vida. e eu assisto, quieto, bem de longe, de onde a minha dor tem a mesma coloração dos teus olhos.

* fotografia de maria flores, "women in three stages"