quinta-feira, 11 de março de 2010

igual

todas as manhãs marcas na estrada o cheiro dos pneus, no meio do trânsito o olhar espera o sinal verde, na rádio a voz curiosa do comentador, a palavra ensonada do leitor dos jornais. todas as manhãs, na estrada, o carro que acelera, a mão que mete a mudança, o pé na embraiagem, o pé no chão, o pé no ar, qualquer coisa e sentes que se levanta num voo o carro. todas as manhãs, a tentar marcar a giz uma alteração no trajecto, uma curva feita de outro modo, tão perigoso para o código da estrada mas tão necessário para que nem todas as manhãs sejam iguais.