quarta-feira, 5 de maio de 2010

nas caldas da rainha

o luiz pacheco dizia que criancinhas servem de alimento aos pacientes das termas das caldas. quase toda a gente diz que nas caldas toda a gente passa o dia agarrado a pilas de cerâmica. uma vez fui às caldas insultar uns miúdos. era das caldas uma rapariga lindíssima que se dizia prima de uns vizinhos meus, coisa que eu nunca pude vir a confirmar por só a ter visto uma vez. nas caldas filmaram um grande filme, chamado o ninja das caldas. nas caldas há uma estátua de uma rainha. nas caldas há um mercado. nas caldas existem cafés antigos. nas caldas nasceu uma miúda que eu conheço. nas caldas viveu alguém que eu conheci. já fui feliz nas caldas, já passei secas nas caldas, já fiquei triste nas caldas. já me vim nas caldas. já fui às caldas ver um filme. já passei muitas vezes pelas caldas. o luiz pacheco dizia que criancinhas servem de alimento aos pacientes das termas das caldas. lembro-me de quando li isso e daquilo que pensei. li isso aqui nesta mesma sala onde estou. e quando li, senti que ele tinha razão. sim, só podia ser isso. criancinhas a serem entregues nas termas e a desaparecer misteriosamente. já fui ver a bola nas caldas, já fui ao teatro nas caldas, já fui a um concerto nas caldas. já fui a uma clínica nas caldas, ver o meu avô que lá foi operado. conheço muita gente das caldas. muita gente que viveu nas caldas. agora penso o que é que me terá levado a achar que o luiz pacheco tinha razão. criancinhas comidas nas caldas? mas isso é uma coisa impensável e violenta, uma frase sem jeito nenhum. às vezes a nossa cabeça acredita nas coisas mais improváveis. acho que isso também já me aconteceu nas caldas. agora não me lembro bem.