domingo, 24 de outubro de 2010

elegia

que bom ser domingo, as roupas rasgadas, o vento frio a congelar-nos o peito - a ausência de razões para continuar a lutar, neste ou noutro mundo, apenas por ser domingo - os cigarros que acabam, as palavras que escasseiam, a música em repetição no leitor que ficou longe demais dos dedos que não se esticam.

que bom ser domingo, faltar à missa, esquecer a família - a ténue certeza de um lugar comum, porque é hora de tomar café e há sempre alguém com uma frase que nos acerta - tudo ser amargo e pequeno, os olhares que se sentem incompletos, o movimento das pessoas na escada do prédio porque, lá está, é domingo, e tu és o único que fica em casa.

que bom ser domingo. que bom.