quinta-feira, 4 de novembro de 2010

bolsos

remexe sempre os bolsos vazios, se sai à rua de casaco. remexe os bolsos, as mãos que não param, a boca como se falasse, contasse baixinho às coisas os pensamentos que não se concluem. remexe sempre os bolsos vazios, onde talvez um lenço, um recado, uma conta de supermercado. remexe os bolsos e os olhos tremem-lhe,  a rua alonga-se para lá da própria rua, qualquer travessa faz uma cidade. remexe os bolsos, sim. de nada valerá que lhe chamem a atenção.