segunda-feira, 1 de novembro de 2010

mortos

não repito o nome dos meus mortos - estão aqui à minha volta, sorridentes, acalentando-me os dias - pois não se chama alto quem está tão próximo de nós. não lhes repito o nome, seguro-lhes as mãos, acaricio-lhes os braços - eles estão sossegados, felizes, quietos. não repito o nome dos meus mortos, não os visito nos lugares da morte - porque seguem vivos, como sempre, com as palavras, os carinhos, os olhares preocupados. de nada a morte contaminou quem morreu, pois não morreram, por aqui seguem, comigo. comigo.